terça-feira, 26 de novembro de 2013

Caminhar no Labirinto: construir um caminho.

O Labirinto onde se faz a "Meditação Caminhando" é, aparentemente, sempre o mesmo... 
O mesmo desenho, o mesmo trajeto... Portanto, parece tratar-se de uma mera repetição, ou ainda de sempre seguir um mesmo roteiro.
No entanto, o Labirinto, aparentemente fixo, tem uma "plasticidade" que se adapta a cada pessoa e em cada momento.
Há quem compare a imagem de tortuosidades do Labirinto à superfície do cérebro com suas convoluções. Essa comparação é apropriada à ideia de plasticidade, pois a "neuroplasticidade" é uma das principais características do sistema nervoso, no que diz respeito à sua capacidade de restauração e recuperação de funções. O cérebro não é fixo e acabado; o sistema nervoso pode adaptar-se a novas situações de forma notável. 
Quando alguém vai iniciar a caminhada no Labirinto, em um primeiro momento pensa ter diante de si um caminho já pronto, mas desconhecido, a ser desvendado. Mas, na verdade, é muito mais do que isso. A cada passo que é dado, um novo caminho é construído. Passo após passo, desenha-se um caminho novo, percorrido exteriormente e interiormente. Construir um novo caminho é possível a cada um que percorre o mesmo Labirinto. Todos são seres humanos, mas cada pessoa tem sua singularidade que se expressa na caminhada do Labirinto, mais interiormente do que exteriormente. Esse exercício reflete-se nas diversas dimensões do ser: corporal, mental, espiritual. 
Esse construir do caminho pode traduzir-se em um aprendizado sobre si mesmo, dependendo da disponibilidade de cada pessoa ao processo de percepção que resulta da "meditação caminhando". 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Geometria Sagrada da Catedral de Chartres e a Música


Neste diagrama do engenheiro Alfonso Rubino podemos ver a representação proporcional das notas musicais do lado direito, na metade superior de um quadrado que contém diversas medidas simbólicas e harmônicas entre si.
Há um triângulo equilátero inscrito nesse quadrado, cuja base é igual à base do quadrado. Uma linha vertical divide esse triângulo em dois triângulos retângulos iguais, de modo que cada um deles corresponde ao triângulo sagrado de Platão, por suas proporções.
No triângulo retângulo do lado esquerdo Alfonso Rubino dispôs algumas diagonais que correspondem a intervalos musicais específicos. Esses intervalos são medidos em distâncias entre a base e a hipotenusa. A partir de diagonais proporcionais às notas musicais, observa-se que algumas delas recortam a pilastra em determinados pontos que ficam exatamente em subdivisões verticais. Conforme o estudioso francês Louis Charpentier, as diagonais representadas neste desenho correspondem: a mais baixa a um intervalo de terça, a seguinte acima a um intervalo de quinta e a terceira a um intervalo de sétima. Ainda conforme Charpentier, esses intervalos equivalem à harmonia do canto gregoriano, onde o primeiro modo parte da nota ré, de modo que tem-se então ré-fa-lá. A diagonal seguinte é o próprio lado do triângulo, o que seria um intervalo de oitava em relação à base.

Há ainda mais uma diagonal acima que está fora do triângulo, mas que toca a ponta de um pentágono que pode ser inscrito na circunferência que contorna a ogiva. O pentágono representa o ser humano, conforme podemos ver, por exemplo no homem de Vitruvius representado por Leonardo da Vinci. A partir da lateral do triângulo, essa linha que toca o pentágono corresponde a um intervalo musical de quarta, ou seja, o número quatro, que representa o número místico do ser humano, ou ainda a matéria, o mundo, o corpo. Conforme Charpentier, as medidas dessas diversas linhas podem ser traduzidas em números simbolicamente sagrados ou místicos, a partir de certas medidas básicas da construção da catedral. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Labirinto e o valor da pausa

Nos dias de hoje com a crescente correria, as demandas de todo lado, a busca de acumular e consumir coisas cada vez mais, não sobra tempo para as pessoas olharem para dentro de si mesmas.
Existe grande valorização do trabalho e de tudo que pareça produtivo, bem como de outras atividades que preencham os intervalos com movimento, ruído e esforço visível. Assim, desvaloriza-se a pausa, ou até mesmo o descanso, como sendo “perda de tempo”. A expressão muito falada de que “tempo é dinheiro” acaba reduzindo o tempo – que representa uma correlação da pessoa com sua vida, com os outros e com o mundo –, a apenas o aspecto financeiro do cotidiano.
Nesse sentido, a Meditação Caminhando no Labirinto implica em uma recuperação do valor da pausa na rotina da vida, pausa essa que recupera o próprio valor do tempo, e até mesmo recupera o tempo, na medida em que permite ao caminhante redimensionar sua própria situação em relação ao tempo e ao espaço; seja seu tempo-espaço pessoal, como também o tempo-espaço em relação aos outros e ao mundo.
No final das contas tem-se a impressão de ganhar tempo, ou até mesmo de recuperar algum tempo passado perdido reorganizado em outra configuração que lhe restitua sentido.


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Vivência do Labirinto – Parte 4

O Labirinto é um grande professor, conforme Dra. Artress. Ele oferece fortes e claros limites que permitem sentir-se seguro interiormente. Estando-se nele, nosso mundo interior pode tornar-se mais claro. Pode-se ver melhor através de obscuridades que eventualmente nublam a mente. O tempo pode ganhar uma dimensão indefinida e o mundo ao redor fica algo distante. Nesse ambiente podem-se experimentar memórias e sensações que passam despercebidas no cotidiano.
Se o Labirinto pode ser um professor então se pode exercitar a realização de perguntas na medida em que se transcorre seu percurso. Perguntas feitas ao Labirinto já são pistas de quais caminhos labirínticos devem ser percorridos na vida. O desenvolvimento de uma relação profunda com o Labirinto pode comunicar uma correlação com os ritmos cósmicos implícitos aos símbolos presentes em sua estrutura. Esse processo aproxima o caminhante de seu eu mais profundo.
O Labirinto é um padrão arquetípico. Ele aquieta a mente e canaliza energias que correm caóticas e dispersivas na correria da vida. A dificuldade de relaxar e concentrar-se pode melhorar na medida em que se foca a atenção ao trajeto adiante. O inesperado das voltas de cento e oitenta graus no transcorrer do caminho faz corpo e mente tornarem-se maleáveis à rota da jornada interior e exterior. 

domingo, 25 de agosto de 2013

O Labirinto e os ciclos da vida

A vida, em suas várias dimensões, é marcada por diversos ciclos, começando pelo próprio ciclo biológico, que, por sua vez, compreende diversos ciclos orgânicos, associados a hormônios, ou a outros fatores.
Esses ciclos encontram-se interligados e até mesmo condicionados pelos ciclos da natureza.
Além disso, há também ciclos psicológicos e ciclos culturais.
Todos esses diversos ciclos estão correlacionados entre si.
A Meditação Caminhando no Labirinto é uma atividade cíclica. Repetindo as palavras da Dra. Lauren Artress, a Meditação Caminhando no Labirinto é "uma jornada simbólica ao interior de si mesmo".
Nesse sentido, o ir e vir no tortuoso trajeto mimetiza a vida exterior e a vida interior.
Os trajetos de ida e volta parecem ser horizontalizados, pois o avanço dos pés no caminho constrói atrás de si uma estrada própria de cada um, haja vista a singularidade dos passos dados na vida de cada caminhante.
Por outro lado, a pausa no centro do Labirinto parece ser verticalizada. Seja em pé ou sentado, cada um sente-se atraído pela circularidade resumida nas pétalas da rosa central.
Simbolicamente, em reflexão algo junguiana, aproximar-se do centro é aproximar-se do seu próprio eu mais profundo; é fazer "descobertas"... No entanto, essas descobertas são lampejos de algo que se passa toda a vida a desvendar...
Esse desvendamento ocorre em ciclos. Não é possível estacionar-se para sempre no centro. Há necessidade de retornar-se ao ritmo do cotidiano. Mas esse vai e vem, traz novas energias e entendimentos a cada um, seja em relação a si mesmo, ou em relação aos outros e o mundo. 
O exercício cíclico do Labirinto pode ajudar a harmonizar os diversos ciclos de cada pessoa. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vivência no Labirinto – Parte 3

Conforme Dra. Artress, caminhar no Labirinto é uma prática, mas não necessariamente uma disciplina. A prática é mais flexível do que a disciplina. A disciplina é usualmente feita em determinado momento do dia. Há métodos específicos e técnicas para entrar nisso. Já a prática da Caminhada no Labirinto é guiada pelo que você precisa desse caminhar. Ela encoraja as pessoas a fazerem essa caminhada quando se sentem atraídas ou compelidas a isso. Essa pode ser uma atividade agregadora quando se trata de um encontro de amigos, ou uma forma de focar o pensamento antes de uma sessão de terapia, ou ainda ser o ambiente ritual de dizer suas preces antes de voltar ao médico, esperando por bons resultados do tratamento.
Desse modo, use o Labirinto “quando ele chamar”. Quando você quer benefícios de uma mente aquietada, ou um coração pleno de oração, ou a liberação de um comportamento controlador; ache o seu caminho para e no Labirinto. Algumas pessoas o usam semanalmente, outras casualmente, outras intensamente por um período de tempo de se preparar para um evento específico como uma cirurgia, ou recuperar-se de um trauma. Encontre o seu próprio ritmo com ele, mas mantenha o foco de transformação interior.
Disciplina e prática não se opõem. Pessoas que praticam meditação com uma disciplina regular relatam sentirem-se bem no Labirinto. Essa disciplina inclusive ajuda a aquietar a mente na caminhada. Mas, de qualquer forma, para as pessoas que se sentem incomodadas com a ideia de “disciplina”, a noção de “prática” pode ser mais amistosa para a atividade no Labirinto.

O fato é que um dos elementos chave da prática do labirinto é que não há um modo correto ou um modo errado de fazê-la. Assim, ele não segue um sistema rígido de regras. A habilidade de orientar ou ensinar essa prática está na possibilidade de adaptar às circunstâncias de cada pessoa. 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Vivência no Labirinto – Parte 2

Ainda conforme Lauren Artress, o labirinto que ela considera como sua “canção do coração”, ou seja, que mais lhe toca profundamente, é o Labirinto Medieval de Onze Circuitos, ou Onze Círculos, presente na Grace Cathedral, ou Catedral da Graça, de San Francisco, onde ela desenvolveu suas atividades, ou qual é uma replicação do Labirinto presente no chão da Catedral de Chartres na França. Ao se referir ao labirinto ela já desenha esse padrão na mente; esse é o labirinto que abre a porta do nosso mundo simbólico interior. Quando tocamos essa fonte de imagens com uma mente quieta e receptiva, isso nos restaura e nos energiza. Como somos bombardeados com barulhos e imagens do lado exterior, podemos perder nossa capacidade de reflexão interior. Podemos nos sentir esvaziados por dentro e nossa imaginação para de funcionar. Somos direcionados ao labirinto porque ele preenche nossa capacidade de imaginar e restaura nosso ritmo natural. O caminho concreto se torna caminho simbólico conduzindo-nos pela vida. As voltas e contornos falam a nós também na medida em que acontecem voltas e contornos através de nossas vidas. Podemos chegar no labirinto sentindo-nos completamente vazios e confusos e depois saímos calmos, com renovado sentido da vida. Nossa dor pessoal pode se tornar a dor que compartilhamos com todos os seres humanos. Passamos a sentir conexão a um Mistério mais profundo que se desdobra ao nosso redor.

A Dra. Artress teve uma compreensão intuitiva, sem palavras, quando colocou pela primeira vez o labirinto na Grace Cathedral em Dezembro de 1991. Quando o público começou a caminhar regularmente, em Março de 1992, essa mesma intuição fez com que ela se dedicasse a “ouvir” as experiências das pessoas. Algumas compartilharam fragmentos de insights, outras relataram histórias completas.       

terça-feira, 9 de julho de 2013

Vivência no Labirinto - parte 1

A Ph.D em Psicologia, Lauren Artress é uma das pessoas que mais estudaram o Labirinto. No livro “Um guia para caminhar no Labirinto para curar e transformar” ela conta que, quando começou a introduzir a atividade no Labirinto, uma das primeiras perguntas era: “O que você faz no labirinto?” Com o progredir dessa atividade essa questão tornou-se um guia para ensinar a prática do Labirinto para curar e transformar vidas.
Devemos chamar a atenção aqui para o uso do termo “curar”, que assume sentido bastante amplo, não necessariamente fazendo referência à solução física completa de uma doença também física. Nestes casos, curar, por exemplo, pode significar também passar a encarar determinada moléstia, sofrimento, ou dor de uma nova maneira, de modo que se possa “gerenciar” esse processo em vez de apenas se estar passivamente submisso ao sofrimento.
Voltemos ao texto da Dra. Artress. Ela diz então que alguns anos antes de iniciar seu trabalho com o Labirinto, que foi em 1992, ela conheceu o trabalho de Linda Sussman intitulado “A fala do Graal: uma Jornada para uma fala que cura e transforma”. Através desse trabalho com a história medieval de Percival (ou Parsifal), ela começou a entender o Labirinto como uma forma do Graal. Sussman nomeia três características do Graal: primeiro, ele encontra você onde você está; segundo, ele dá a você o que você precisa; terceiro, ele nutre uma teia invisível de relacionamentos que conectam o destino individual ao serviço de outros e ao mundo. Esses três elementos são o que o Labirinto pode nos trazer.
Ainda conforme a Dra. Artress são muitas as razões para andar no Labirinto: consolo, força, clareza, celebração, insight, aquietar a mente, resolver um problema, etc. Mas o resultado mais fascinante, no qual ela baseia seu trabalho, é a habilidade do Labirinto Medieval de instigar o potencial latente de seus seguidores de encontrar um caminho para sua expressão no mundo. O Labirinto é um Graal que conecta o destino individual ao serviço do mundo.

Um outro aspecto intrigante do Graal, continua Artress, é que ninguém é dono dele. Isto também é verdade para os grandes labirintos arquetípicos. Esses Labirintos são diagramas, mapas, roteiros para a transformação. Eles liberam um processo psíquico e espiritual de descoberta que organicamente se desdobra em nossas vidas. A autora refere ainda que se sente ainda um pouco desconfortável de falar publicamente do Labirinto dessa forma, comparando ao Graal, mas os benefícios que ela vê em pessoas que abraçam a prática de caminhar no Labirinto faz superar a segurança do silêncio.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Labirinto e memória corporal

Quando alguém inicia a caminhada no Labirinto dispõe seu corpo à geometria de contornos imprevisíveis que mobilizam a atenção à espacialidade desse peculiar desenho. Essa é uma atenção que não se faz apenas com a mente, mas necessariamente inclui os movimentos, os deslocamentos e também as contrações musculares que detêm passos, além de estimulá-los. O olhar se depara com linhas e espaços próximos e distantes, buscando entender o detalhe e o conjunto do Labirinto. A escuta apreende a música que pontua o ritmo da caminhada. Esses diversos elementos convidam a pessoa a refletir, a sentir, a meditar em um sentido amplo e espontâneo do termo. 
Todo esse processo em conjunto pode ativar a memória do corpo em caminhos passados, em espaços vividos. A memória corporal, consciente ou inconsciente, na ida ao centro, no centro, na volta ao início, pode ser resgatada, reconstruída e reconstruir o corpo em relação ao tempo e ao espaço da vida, de modo a configurar o sofrimento, a dor, a moléstia em um outro patamar, em um novo nível de realidade, levando a um novo entendimento, gerenciamento e aceitação do que até então pode ter parecido uma doença insuportável e insuperável. A "memória recomposta" do corpo pode recuperar potencialidades esquecidas, forças renegadas, energias que podem resgatar aqueles aspectos e partes do corpo que eram sadias, mas que tornaram-se esquecidas quando superadas pelo "corpo do adoecimento". 
Assim, a Meditação Caminhando no Labirinto pode ajudar a recuperar o "corpo esquecido". Mesmo quem não estiver doente pode reconfigurar sua memória corporal em sentido mais positivo.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Medo do Labirinto


Devido ao labirinto carregar sentidos de “caminho desconhecido”, “caminho tortuoso”, “lugar onde a gente se perde”, é comum que se tenha medo de labirintos.
Eventualmente até se diz que só se entra no labirinto se se souber como fazer para sair dele.
Essas impressões são certamente válidas pois é natural ao ser humano procurar proteger-se do que é desconhecido, já que essa coisa desconhecida pode ser ameaçadora à saúde, à integridade, ao bem estar, etc..
O labirinto também pode ser símbolo de algumas coisas desconhecidas, como, por exemplo, o próprio inconsciente do ser humano. Jung dizia que um dos símbolos do inconsciente é o mar, que é imenso, temido, perigoso, mas também atraente, e assim por diante.
As pessoas podem fazer uso de várias “ferramentas” para fazer uma jornada ao seu próprio inconsciente. Uma das formas de empreender essa jornada é por meio da Meditação Caminhando no Labirinto.
De um modo geral, mesmo que alguns inicialmente tenham um certo temor, as pessoas se surpreendem com a Meditação Caminhando no Labirinto. Aacabam descobrindo uma forma diferente, segura, “estimulante e relaxante” de fazer essa jornada, que sempre pode ser aprimorada.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Reduzir stress no labirinto

A ideia de um labirinto muitas vezes faz pensar em alguma coisa complicada, difícil de percorrer, ou que acaba deixando as pessoas perdidas. Assim, a ideia de labirinto pode gerar um certo medo de um caminho desconhecido, que possa levar a gente a ficar desnorteada. 
Nesse sentido, a Meditação Caminhando no Labirinto pode acabar surpreendendo a quem tenha receio de que aconteça alguma coisa parecida com o que foi acima referido. 
Embora a ideia de um labirinto possa gerar certo temor, o labirinto especificamente usado para a Meditação Caminhando acaba conduzindo, frequentemente, a uma sensação de paz, ou ainda a uma impressão de alguma descoberta que pode ser aprofundada e trabalhada. 
O caminho do labirinto passa a ser então uma nova abertura, um novo trajeto a ser percorrido na vida, um novo começo, com significados específicos para cada caminhante. 
Desse modo, em geral, acaba-se percebendo que o labirinto diminui o estresse que acompanha a correria cotidiana da vida contemporânea.