Quando alguém inicia a caminhada no Labirinto dispõe seu corpo à geometria de contornos imprevisíveis que mobilizam a atenção à espacialidade desse peculiar desenho. Essa é uma atenção que não se faz apenas com a mente, mas necessariamente inclui os movimentos, os deslocamentos e também as contrações musculares que detêm passos, além de estimulá-los. O olhar se depara com linhas e espaços próximos e distantes, buscando entender o detalhe e o conjunto do Labirinto. A escuta apreende a música que pontua o ritmo da caminhada. Esses diversos elementos convidam a pessoa a refletir, a sentir, a meditar em um sentido amplo e espontâneo do termo.
Todo esse processo em conjunto pode ativar a memória do corpo em caminhos passados, em espaços vividos. A memória corporal, consciente ou inconsciente, na ida ao centro, no centro, na volta ao início, pode ser resgatada, reconstruída e reconstruir o corpo em relação ao tempo e ao espaço da vida, de modo a configurar o sofrimento, a dor, a moléstia em um outro patamar, em um novo nível de realidade, levando a um novo entendimento, gerenciamento e aceitação do que até então pode ter parecido uma doença insuportável e insuperável. A "memória recomposta" do corpo pode recuperar potencialidades esquecidas, forças renegadas, energias que podem resgatar aqueles aspectos e partes do corpo que eram sadias, mas que tornaram-se esquecidas quando superadas pelo "corpo do adoecimento".
Assim, a Meditação Caminhando no Labirinto pode ajudar a recuperar o "corpo esquecido". Mesmo quem não estiver doente pode reconfigurar sua memória corporal em sentido mais positivo.