terça-feira, 21 de junho de 2011

O Labirinto, A Rosácea e os Vitrais em Chartres - Parte 3

Abaixo da Rosácea Oeste, a qual de relaciona geometricamente com o Labirinto, há três vitrais: um maior ao centro e outros dois laterais um pouco menores. O vitral do lado direito é conhecido como "A árvore de Jessé", ou seja, correspondente aos descendentes de Jessé, o pai do rei Davi. O do lado esquerdo corresponde a "Transfiguração, Paixão e Ressurreição de Jesus". O central corresponde a "Infância de Jesus". No alto deste vitral central, há uma figura da Virgem com a Criança ao colo. No dia 22 de agosto essa imagem é projetada pela luz do sol no centro do Labirinto. Deve-se considerar que a data de 22 de agosto atual corresponde a 15 de agosto, quando da construção da Catedral, pois a Reforma do Calendário Gregoriano entraria apenas séculos depois. O dia 15 de Agosto é dedicado à Assunção de Maria. Assim, há uma harmonização entre a iluminação dessa parte do vitral nessa data e o simbolismo do centro do Labirinto. Esse centro, que contém as pétalas de rosa, em cujos encontros há discretas flores de lis, em sentido invertido em relação ao arco das pétalas. Esse conjunto tem forte correlação com Maria e seu papel mediador, bem como com o símbolo do feminino também nesse papel mediador, em correlação a figuras como Ariadne em sua função de entregar o fio condutor a Teseu que tinha a tarefa de matar o Minotauro no centro do Labirinto.
Todo esse concerto geométrico de luz pode ser reforçado pela menção de Louis Charpentier em seu livro "Les mystères de la cathédrale de Chartres", quando se refere a uma sinalização em uma determinada pedra do chão do Transepto Sul da Catedral, que é iluminada em 21 de junho (a data de hoje), solstício de verão no hemisfério norte, por um raio de luz que atravessa o vitral de Santo Apolinário, o primeiro da parede oeste desse transepto. Acentua Charpentier que isso é obra de um astrônomo, de um geometra, que queria assinalar esse momento cósmico do tempo na construção. Notamos que Apolinário é um nome correlato a Apolo, deus da luz na mitologia greco-romana. 
Assim, nota-se que os vitrais, além de serem obras por si só muito trabalhosas, ainda tinham o acréscimo de estarem em harmônica correlação cósmica com as mudanças do tempo no calendário sazonal e de marcos religiosos e simbólicos. Entre essas correlações situa-se o Labirinto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário