sexta-feira, 10 de junho de 2011

Símbolos no Labirinto de Chartres - Parte 2

Os Labirintos podem ter sua entrada do lado direito ou do lado esquerdo, em relação ao posicionamento do indivíduo que vai caminhar por ele. A entrada do Labirinto de Chartres fica do lado esquerdo. Tal constatação pode levar a pensar em associações com outras obras de arte que fazem uso de alguma assimetria em relação a ambos os lados. Assim, podemos observar, por exemplo, que grande parte das esculturas egípcias antigas, que representam seres humanos caminhando, apresentam o pé esquerdo à frente.
Pode-se questionar o que isso poderia significar. Talvez possa ser aventado que, diferentemente dos dias de hoje, a maioria dos egípcios teria sido de canhotos. Ainda outra suposição poderia ser de que os egípcios tinham noção da assimetria cerebral em relação às funções dos hemisférios cerebrais: o hemisfério cerebral esquerdo com predominância para o pensamento lógico, racional (comandando o lado direito do corpo) e o hemisfério cerebral direito com predominância para noções holísticas, de correlações espaciais, intuitivas (comandando o lado esquerdo do corpo). 
Devemos lembrar que, no processo de mumificação, os egípcios jogavam fora o cérebro, enquanto preservavam outros órgãos. Sabe-se também que eles faziam observações clínicas a respeito de certas correlações entre sinais clínicos e lesões no organismo. Seja qual for a origem da assimetria das estátuas, trata-se de um fato intrigante.
Ainda outra correlação pode ser feita em torno de hipóteses sobre um época entre o início do Período Neolítico da Pré-História (aproximadamente a partir de 10 mil anos antes de Cristo) e o período histórico (aproximadamente 4 mil anos antes de Cristo), a qual teria sido uma época "matriarcal", com a predominância do feminino sobre o masculino. Nesse período, supostamente o hemisfério direito seria predominante em relação ao esquerdo de modo geral, ou seja, o lado esquerdo do corpo sobre o lado direito. Assim, haveria a predominância de pensamento holístico, espacial, sobre o pensamento analítico, lógico. Dentro desse tipo de argumentação, a passagem da escrita por figuras ou ideogramas para escrita por letras simbólicas como no alfabeto moderno, corresponderia à passagem de predominância do hemisfério direito para o hemisfério esquerdo e, assim, da passagem de um período matriarcal, para um período patriarcal (essa passagem é variável no tempo, de povo para povo).
Ainda outra correlação similar pode ser observada nas duas formas de alfabeto japonês. Existe o alfabeto canji, correspondente a figuras ideogramáticas e correlacionado ao hemisfério direito do cérebro, e o alfabeto caná, correspondente a letras com simbolismo semelhante ao alfabeto latino (ou seja não são figuras "desenhadas" como nos ideogramas).
O Labirinto de Chartres guarda uma série de correlações com o feminino, o que pode também reforçar a entrada pelo lado esquerdo.
Com todas essas reflexões, talvez possamos dizer que, ao iniciar pelo lado esquerdo, o Labirinto de Chartres ativa a visão e o corpo pelo hemisfério cerebral direito, mais correlacionado com um raciocínio intuitivo, holístico, espacial. No nosso dia a dia racional,  usamos mais o hemisfério cerebral esquerdo. Essa pode ser uma das razões de a caminhada no Labirinto surpreender o caminhante, ao despertar "partes adormecidas" da mente.

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