O corpo entra em contato físico
com o Labirinto por meio dos pés. A rigor, os pés entram em contato com o chão,
diretamente, ou indiretamente se o Labirinto estiver desenhado sobre um tecido.
Mas, esse trecho de solo foi delimitado
por um desenho que orienta os passos no trajeto simbólico do Labirinto.
Em várias tradições, os pés têm
todo um simbolismo que se harmoniza com a caminhada no Labirinto em sua jornada
ao interior do ser humano.
Na tradição judaico-cristã, os pés
são referidos por diversas vezes. Aqui citamos apenas algumas.
No Gênesis há uma oposição entre
a mulher e a serpente através do pé, de modo que a serpente tentaria morder o
calcanhar e, por outro lado, seria pisada pela mulher.
Moisés, no Monte Sinai, ao aproximar-se
da Sarça Ardente, recebeu a ordem de descalçar suas sandálias por estar pisando
em solo sagrado.
No Novo Testamento, os apóstolos
são orientados por Cristo a sacudirem o pó dos seus pés em cidades em que
fossem mal recebidos.
Cristo lavou os pés de seus
discípulos na última ceia; Pedro pediu para lavar também as mãos e a cabeça,
mas Cristo disse que apenas os pés teriam que ser lavados.
Nesses poucos exemplos o pé pode
indicar “raiz”, “raiz espiritual”; aquela parte do ser humano através da qual
feridas que vêm da terra levam à divisão do ser humano em relação a suas
raízes, suas origens. Assim, lavar os pés, descalçar-se no solo sagrado, são
atos que recuperam a conexão com as raízes.
Antes da entrada no Labirinto, as
pessoas se descalçam para deixar de fora a parte de “correria”, de “divisão”,
do dia a dia, para recuperar as conexões com suas raízes no trajeto de
geometria sagrada.
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