Os autores John e Odette Ketley-Laporte, em seu livro “Chartres,
o Labirinto decifrado”, escrevem sobre “o labirinto marítimo”. Observam a
semelhança entre os desenhos sobre numerosas peças de moedas cretenses, a
disposição de caminhos delimitados por pedras na região do Mar Báltico e certas
imagens nas rochas a pouca distância do Oceano Atlântico na Europa. Assim,
supondo que esses desenhos possam ter uma origem comum, o que poderia ter sido
comum entre cretenses e suecos, a uma distância de cinco mil quilômetros de
costa, entre três e quatro milênios atrás?
Sabe-se que os dois povos eram navegadores e mercadores. Situada
entre essas duas culturas havia a cultura Celta.
Em torno de 1200 antes de Cristo, iniciou-se a assim chamada
Idade do Ferro; embora já conhecido antes, nesse momento seu uso se propagou.
Vários movimentos ocorreram então entre diversos povos: a lendária Guerra de
Troia, a invasão dos dórios na Grécia, o império hitita desmoronou sob o
assalto de povos que cruzaram o Bósforo, a incursão dos chamados “povos do mar”
no Mediterrâneo principalmente a partir de Creta. Assim, a partir do ano mil
a.C. houve desenvolvimento de comércio marítimo entre o Mediterrâneo e o Norte
da Europa. Tais viagens podem ter tido reflexos em tradições, histórias e
lendas dos povos, como a própria narrativa da Odisseia.
Tais labirintos podem ter simbolizado movimentos do sol e da
lua, tanto em relação a certos momentos do calendário, como nos solstícios, ou
ainda em relação às marés, já que se tratava de povos navegadores. Há também a
suposição de simbolizar duas serpentes enroladas. As figuras de duas serpentes
também estão presentes em diversas tradições e mitologias. O caduceu de Hermes
tinha duas serpentes enroladas, Hércules estrangulou duas serpentes em seu
berço que teriam sido ali postas por Hera para matá-lo, o que poderia ser uma
alusão à resistência da Ática aos dórios. Por outro lado, na Irlanda, em cuja
costa há várias imagens de labirintos, não há serpentes, o que a tradição
atribui a uma intervenção de São Patrício.
Em relação a Chartres, pode-se perguntar qual a correlação
com essas narrativas, já que se trata de uma cidade longe da costa. No entanto,
os vikings chegaram a invadir Chartres. Neste aspecto, questiona-se a respeito
da possibilidade de certo conhecimento dos vikings a respeito da bússola talvez
ter orientado a construção da catedral, em virtude de sua orientação em relação
aos pontos cardeais.
De qualquer forma, o labirinto de Chartres guarda diferenças
em relação aos labirintos dos povos marítimos, pois a disposição de seus
contornos já se dá de outra forma.
Exemplos de labirintos de povos marítimos: