quinta-feira, 27 de setembro de 2012

arquitetura simbólica de Chartres e o Labirinto

John James é um arquiteto australiano que estudou bastante a arquitetura da Catedral de Chartres.
Ele entendeu que o Labirinto tem uma importante relação com o projeto da Catedral e com seus símbolos geométricos e numéricos.
Assim, ele considera que toda a catedral em seu plano horizontal tem uma disposição harmônica em três quadrados que se tocam pelos vértices.
Os símbolos numéricos pitagóricos e cristãos estão presentes no fato de se ter quadrados (número 4) que simboliza o mundo material (4 estações, 4 polos, etc), enquanto o número 3 simboliza o mundo espiritual. A combinação de 3 e de 4 pode ser entendida como dando a soma 7 ou o produto 12, ambos números que simbolizam níveis de totalidade ou quase totalidade em vários conjuntos.
Além disso, pode-se observar que a disposição das colunas em relação a esses quadrados agrupam-se em determinados números.
Da porta da catedral até o altar, os três quadrados podem indicar um caminho da matéria para o espírito.
O primeiro quadrado, mais próximo à porta, está disposto no local em que habitualmente são delimitados nas igrejas como sendo um nível profano da construção. 
O lugar do labirinto (representado como um círculo no desenho) fica no mesmo lugar da entrada da antiga igreja que havia antes da catedral atual. Assim ele delimita a passagem do espaço profano para o espaço sagrado. Dentro desse primeiro quadrado há duas colunas, uma de cada lado. O número 2 indica divisão, separação.
Ao lado do labirinto há 3 colunas de cada lado. O número 3, da espiritualidade indica a passagem para uma nova etapa. Sua presença 2 vezes pode indicar um espelhamento do espírito na matéria, ou mesmo no corpo.
A seguir, o quadrado maior contém 22 colunas, sendo 11 de cada lado. O próprio labirinto tem onze círculos conforme uma visão do Universo nessa época.
O 11 de um lado e de outro também pode simbolizar universo espiritual e universo material como um sendo o espelho do outro. 22 é o número de letras do alfabeto hebraico e também do número de caracteres do tarô em um determinado conjunto; assim é símbolo de linguagem, de comunicação, de estudo e entendimento dos símbolos. É uma instância intermediária onde o ser humano vale-se da linguagem, da palavra, do verbo, para entender o sagrado.
Antes de chegar-se ao quadrado final, tem-se, do lado de fora, sete colunas de um lado e sete colunas de outro. São dois conjuntos de 7 que indicam um passo antes de atingir o nível espiritual mais alto.
O número 7 também está presente nos 7 chacras e nos 7 níveis da constituição do ser humano conforme os hindus.
O último quadrado finalmente tem 8 colunas. Para Santo Agostinho o número 8 é "mais completo" ou mais sagrado do que o 7, pois o 8 indica "Ressurreição", pois Cristo ressuscitou no primeiro e oitavo dia da semana ao mesmo tempo, dando um sentido de fechamento e completude ao próprio tempo. A roda budista também tem 8 lados. O 8 indica, assim, em várias tradições, perfeição.
Os três quadrados também podem lembrar os 3 níveis de consciência de Platão, que considera haver uma mente instintiva, outra mente emocional e outra mente racional.
Diversas tradições dividem o caminho do progredir espiritual em 3 etapas.