quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Professor Cortella falou sobre “O Caminho”


     Quem já caminhou pelo nosso Labirinto teve contato com um texto lido após as caminhadas onde consta a seguinte frase: “A vida não é vivida só de metas; a vida é vivida nos caminhos”.
     Em 10 de Janeiro de 2016, o jornal O Estado de São Paulo publicou matéria assinada pelo jornalista Vitor Hugo Brandalise, contendo entrevista com o professor e filósofo Mário Sérgio Cortella, que nos lembrou da frase acima e da Meditação Caminhando no Labirinto.
     O texto do jornal inicia comentando que “houve um tempo em que o caminho importava”, citando conhecida frase do poeta sevilhano Antonio Machado, na qual ele aponta que “O caminho se faz ao caminhar”.
     A seguir acentua-se que não se liga mais para o caminho e que apenas se quer chegar o mais rápido possível, sem mesmo olhar para os lados. Existe no texto certa acentuação para o Waze, ou o GPS como uma espécie de clímax desse descuido com o caminho, na medida em que cita a frase de Uri Levine, o criador do Waze, onde ele diz que “as pessoas não pensam mais por onde estão indo”.
     Cita-se então os dizeres do professor Cortella, dizendo que “se vive um momento de obscurecimento da paisagem”. Ele reforça então que já não se aproveita a jornada e se pede a possibilidade de ampliar as visões. Antigamente a viagem em si já era uma distração, o trajeto tinha sua função. Já valia o passeio. Havia “o passeio”, que já tinha em si uma finalidade. Junto a perda dessa “capacidade” perde-se também a imaginação, a criatividade, a noção do universo. O repertório de imagens se estreita.  
    O professor Cortella acentua que perde-se o encantamento do mundo, não se olha para o horizonte, a paisagem se desnaturaliza em “um mapinha” à frente. Muda-se a maneira de lidar com o tempo, de modo que ele não possa ser utilizado para o ócio. A noção de ócio fica distorcida como “vagabundagem”. Foi retirado o valor da pausa.
     Umas das coisas que acentuamos na Caminhada no Labirinto é a recuperação do valor da pausa.
     Cortella diz também que a viagem também é uma forma de se conhecer, de se reconhecer, de saber mais sobre si mesmo. A viagem pode ajudar a “objetivar minha subjetividade”. Comenta também que a viagem quando por demais planejada, ou cheia de antecipações, pode também limitar o aproveitamento que pode decorrer de certa ilusão, que fica diminuída com muitas facilidades do mundo digital.
     Enfim, as reflexões do professor Cortella reforçam alguns aspectos da Meditação Caminhando no Labirinto, quando se propõe a um retorno do lado humano relativo ao caminhar, não desprezando evidentemente os ganhos da tecnologia, desde que sejam instrumentos para beneficiar as pessoas.  

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O Labirinto e as noções de espaço


A Meditação Caminhando no Labirinto tem como seu primeiro foco “o espaço” em que o Labirinto está desenhado. Esse espaço compreende não só o trajeto a ser percorrido, mas também todo o espaço coberto pelo desenho intrincado do Labirinto. O espaço do trajeto parece ser um espaço vazio, já que ele é apenas delimitado pelo desenho. No entanto, esse espaço vazio é parcialmente preenchido pelo corpo que se desloca. O espaço desenhado tem símbolos visíveis. O espaço não desenhado tem símbolos invisíveis. Ambos os espaços se correlacionam com o espaço interior da pessoa que caminha. Esse espaço interior, na verdade, são espaços: o espaço corporal, o espaço mental, o espaço espiritual.
O entendimento de si e do mundo pelo ser humano está inundado de geometria. A maneira de descrever como as coisas se dividem, ou como as coisas se unem, quase sempre faz uso de noções geométricas. A geometria é uma leitura do espaço. O Labirinto faz uma leitura geométrica do espaço, usando um tipo de geometria que é chamada de geometria sagrada, pelos símbolos e medidas que utiliza.
A caminhada nos espaços exteriores do Labirinto refaz o entendimento dos espaços interiores, trazendo novos elementos à consciência do caminhante.