segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os pés e o Labirinto - Parte 2

A Mitologia Grega, que tem grande correlação com o Labirinto no famoso Labirinto do Minotauro, entre outras correlações, tem também a presença simbólica dos pés em várias situações.
O significado do nome "Édipo" é "pé inchado". Esse significado pode indicar alguma fragilidade em relação às raízes de Édipo, ou ainda em relação à sua sustentação. Em sua jornada mítica, em determinado momento Édipo se defronta com a temida Esfinge, conhecida pela famosa frase "Decifra-me ou te devoro". Assim, os indivíduos que por  ela quisessem passar deveriam solucionar o enigma que ela propusesse. Para Édipo ela propôs o seguinte enigma: "o que tem quatro pernas pela manhã, duas pernas ao meio-dia e três pernas à tarde?" Édipo respondeu: "O homem, pois quando bebê ele engatinha, depois anda com os dois pés e quando velho anda com a ajuda de uma bengala". Dessa forma, Édipo não foi destruído pela Esfinge. Observa-se nessa resposta que um momento de superação para Édipo dizia respeito aos pés. A primeira vista podemos apenas ver a sequência de 4, 2 e 3 pés como uma espécie de ascensão e decadência. Mas, numericamente, também pode se referir ao simbolismo de 4 como "matéria", 2 como "divisão" e 3 como "espírito", em sucessivas fases de amadurecimento do interior do ser humano. Tendo elaborado isto, Édipo teria entendido, de certa forma, o processo de "cura" de suas raízes.  
Outro mito grego relativo aos pés é Aquiles. Desejosa de que seu filho fosse invencível, a mãe de Aquiles mergulhou o corpo do menino no rio Estige; mas, tendo segurado Aquiles pelo calcanhar, este tornou-se a parte vulnerável do corpo, na qual posteriormente ele foi ferido em batalha e morreu.
Essa fragilidade de Aquiles lembra-nos também o simbolismo do "gigante de pés de barro": apesar de sua tremenda força, sua fragilidade em suas raízes é sua ruína.
Tanto o mito de Édipo como o mito de Aquiles apontam para o valor simbólico dos pés no processo de  amadurecimento interior. O processo de uso dos pés na jornada do Labirinto pode remeter à recuperação e cura das raízes interiores do caminhante. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os pés e o Labirinto – Parte 1


O corpo entra em contato físico com o Labirinto por meio dos pés. A rigor, os pés entram em contato com o chão, diretamente, ou indiretamente se o Labirinto estiver desenhado sobre um tecido.
Mas, esse trecho de solo foi delimitado por um desenho que orienta os passos no trajeto simbólico do Labirinto.
Em várias tradições, os pés têm todo um simbolismo que se harmoniza com a caminhada no Labirinto em sua jornada ao interior do ser humano.
Na tradição judaico-cristã, os pés são referidos por diversas vezes. Aqui citamos apenas algumas.  
No Gênesis há uma oposição entre a mulher e a serpente através do pé, de modo que a serpente tentaria morder o calcanhar e, por outro lado, seria pisada pela mulher.
Moisés, no Monte Sinai, ao aproximar-se da Sarça Ardente, recebeu a ordem de descalçar suas sandálias por estar pisando em solo sagrado.
No Novo Testamento, os apóstolos são orientados por Cristo a sacudirem o pó dos seus pés em cidades em que fossem mal recebidos.
Cristo lavou os pés de seus discípulos na última ceia; Pedro pediu para lavar também as mãos e a cabeça, mas Cristo disse que apenas os pés teriam que ser lavados.
Nesses poucos exemplos o pé pode indicar “raiz”, “raiz espiritual”; aquela parte do ser humano através da qual feridas que vêm da terra levam à divisão do ser humano em relação a suas raízes, suas origens. Assim, lavar os pés, descalçar-se no solo sagrado, são atos que recuperam a conexão com as raízes.
Antes da entrada no Labirinto, as pessoas se descalçam para deixar de fora a parte de “correria”, de “divisão”, do dia a dia, para recuperar as conexões com suas raízes no trajeto de geometria sagrada.