quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Labirinto e a Luz

O Labirinto pode ser visto como semelhante aos processos simbólicos de atravessar o mundo subterrâneo, ou atravessar o deserto, ou águas profundas, para depois renascer, recomeçar, renovar-se. O próprio termo "labirinto" é usado como metáfora de estar perdido, estar desnorteado. Ele é visto mais como um "descaminho" do que como um caminho.
O mundo subterrâneo traz a ideia de escuridão, de incerteza de voltar à luz. O deserto em um primeiro momento pode fazer pensar em muito calor e muita luz, mas no deserto também há noite e noite fria. As águas também podem ser de rio, ou de mar, ou de lago, cada uma com suas peculiaridades que podem surpreender a quem as atravessa. 
Nesses diversos paralelos, luz e sombra podem ter vários papéis. 
Na Catedral de Chartres o equilíbrio entre luz e sombra elabora uma penumbra que cria um clima que paira entre o material e o espiritual. Esse equilíbrio adapta-se ao Labirinto como meio de reflexão e meditação. Mas, de certa forma, a luz predomina sobre as sombras no Labirinto. Todo ano, no dia 22 de Agosto, projeta-se no centro do Labirinto uma imagem de um vitral de Maria, por meio do posicionamento da luz do sol em relação à catedral e ao vitral. Esse dia 22, no tempo da construção da catedral, correspondia ao dia 15 de Agosto quando se celebra a Assunção de Maria. 
O labirinto de Chartres também se compõe de símbolos solares e lunares, ambos com luzes características e também simbólicas.
O próprio labirinto em si é uma metáfora de um caminho para a luz. A caminhada no Labirinto faz descobrir que, em vez de significar um "perder-se", ela trata de um "encontrar-se". Assim, o Labirinto traz mais luz para o caminhante, mesmo que a luminosidade do ambiente seja a mesma antes e depois da caminhada. Embora essa luz seja simbólica, muitas vezes existe a impressão de ela até ser mesmo material, quase palpável, já que o corpo como um todo percorre esse trajeto.