sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Caminhar no Labirinto pode ser Meditação?

A palavra “meditação” em português e nas línguas ocidentais existe há séculos com vários sentidos como, por exemplo, reflexão profunda, ou oração mental, entre outros similares. Santos cristãos praticavam várias formas de meditação que oscilavam entre os dois sentidos referidos acima. O filósofo René Descartes escreveu obra intitulada “Meditações sobre Filosofia Primeira”. O compositor Massenet escreveu o trecho musical chamado “Meditação” que faz parte da ópera Thais. Quando as formas orientais de Meditação passaram a ser conhecidas no Ocidente, tiveram seu nome traduzido para “meditação”, porque deve ser a palavra que mais se aproximava daquela atividade, no entanto, em suas línguas originais, “meditação” tem outros nomes. Assim, nas línguas ocidentais, ao falar-se em meditação pode-se estar querendo usar o sentido dado às formas orientais de meditação, ou os sentidos ocidentais dessa palavra. Desse modo, a Meditação Caminhando no Labirinto pode ser um meio de rememorar que o Ocidente faz uso dessa referência há séculos e, assim também, pode ajudar a recuperar uma forma ocidental de interiorização que tem sido desprezada nos tempos atuais, em que se dá pouco valor à subjetividade. Essa pode ser uma forma ocidental de meditar, usando uma forte e profunda imagem arquetípica ocidental que é o Labirinto e em especial o Labirinto de Chartres e suas variações.
Há quem possa considerar que, como a Caminhada no Labirinto faz uso de música, ou eventualmente de incenso, o efeito da Caminhada se deva mais a esses fatores. Essa pode ser uma pergunta interessante para ser feita a alguém especializado em Musicoterapia. Mas, de qualquer modo, sabemos que as pessoas, de modo geral, podem ser beneficiar de coisas que provoquem sensações de bem estar que não necessariamente precisam estar devidamente catalogadas como “tratamentos oficiais”. As pessoas não precisam pensar nisso ao decidirem ouvir música que faça relaxar e pensar em coisas boas. A Meditação Caminhando no Labirinto faz uso de todos esses estímulos, que se harmonizam. Há pessoas que fazem o trajeto do labirinto dançando. Outros fazem pausas estimuladas pela música. Isso pode ser bastante positivo para quem harmonize a caminhada com a música. Tudo isso concorre para uma jornada interior que abre janelas e portas do inconsciente para benefício do indivíduo que caminha.  

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os Labirintos Lendários da Antiguidade Clássica

No livro "Chartres – le labyrinthe déchiffré", de John e Odette Ketley-Laporte, o primeiro capítulo trata dos labirintos lendários da Antiguidade Clássica.
Os autores referem que indiscutivelmente o homem pré-histórico utilizava cavernas como habitação. Além disso, também parece certo que reservava outras para uso que não tinha relação com as necessidades imediatas. Assim, aquelas usadas para ritos funerários podem ter conduzido a outras práticas e cerimoniais de certo caráter secreto. Por sua vez, as cavernas interconectadas podiam oferecer vantagens de proteção, bem como de materializar noções de progressão e interconexão. Nesse sentido, os lugares sagrados das diversas civilizações compreendem espaços artificiais interligados. Então, uma primeira versão artificial das cavernas pode ter sido o primeiro labirinto que se tem notícia, conforme Heródoto. O faraó Amenemés III (1860-1815 a. C.), da XII dinastia, fez construir em Haouara, na depressão de Fayoum, perto do lago Moeris (atual Birket-Karoun), um palácio monumental de três mil salas e corredores em vários níveis. Alguns autores da antiguidade fizeram a suposição de que esse palácio teria inspirado o arquiteto ateniense Dédalo para construir o Labirinto de Creta, a pedido do rei Minos, para servir de prisão ao Minotauro.