sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Linguagem do Gótico e o Labirinto

O período Gótico corresponde a uma cultura bastante peculiar, que situou-se em um intervalo de tempo entre o século XII e o século XVI, se quiser-se considerar o assim chamado Gótico tardio. Essa situação é também intermediária entre diferentes culturas europeias, ou seja, após e concomitantemente à Arte Românica e antes do Renascimento. A origem do termo "gótico" é discutível entre os estudiosos. Há os que consideram essa palavra simplesmente como derivada do termo "godo", referente aos povos bárbaros como os ostrogodos e os visigodos. Há outros como Fulcanelli que considera "gótico" como uma variante da palavra francesa "argot", que corresponde a "gíria", ou seja, a uma espécie de "linguagem não oficial". Assim, a linguagem artística do Gótico aparece como algo que não se enquadra na linguagem artística românica e nem na renascentista. O universo do Gótico apresenta tantos aspectos próprios que sua configuração, sua estrutura não foi entendida pelos homens do Renascimento. De certa forma, pode-se mesmo dizer que houve uma "perda de memória histórica" do Gótico pela cultura europeia. Suas construções e outras formas de arte passaram a ser vistas como obras estranhas e sem estética. 
A figura do Labirinto enquadra-se nesse contexto Gótico. O Labirinto, com seu sentido de "caminho intrincado", "caminho imprevisível", ou "indecifrável", pode ser visto até mesmo como um simbolo do desentendimento das gerações posteriores ao período Gótico. Percorrer o Labirinto era também como percorrer os meandros da Cultura Gótica. O Labirinto visto como uma cifra, um ideograma, pode ser entendido como um símbolo do entendimento de vida e de mundo por parte das pessoas que viviam em torno dessa Cultura. Mesmo esta referência, ou seja, Cultura Gótica, parece um pouco desencontrada do periodo medieval correspondente, pois principalmente teria mais fortemente se expressado em uma "linguagem de pedra", ou ainda "de pedra e vidro", em suas construções, esculturas e vitrais. Todas estas obras, na verdade, constituem um outro labirinto a ser percorrido e decifrado por quem quiser tentar entender um pouco desse mundo algo esquecido do ocidente.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário