sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Labirintos franceses na Idade Média


No fim do século XII, as catedrais de Auxerre e de Sens foram as primeiras na França a terem labirinto. Infelizmente, o de Auxerre foi destruído em 1690 e o de Sens em 1768. Felizmente, certos textos e descrições permitem supor que os dois monumentos eram semelhantes e compostos de onze círculos concêntricos, cujos contornos eram sulcados no pavimento e preenchidos com chumbo. Em um diâmetro de aproximadamente 10 metros, esses dois labirintos foram destinados, no início, a serem percorridos a pé, ou ainda, mais verdadeiramente, de joelhos.
Esses dois labirintos ficavam a pouca distância de Pontigny, uma das quatro abadias mães da estrutura cisterciense juntamente com La Ferté, Morimond e Claraval. Passa-se então a supor que os labirintos talvez fizessem parte da arquitetura cisterciense, o que poderia distanciar-se da arquitetura gótica. Após a morte de São Bernardo de Claraval, em 1153, sua influência diminuiu, de modo que Pontigny poderia ter mais destaque na ordem cisterciense. Pode-se lembrar que o papa Alexandre III se refugiou em Sens, substituido em Roma por um antipapa imposto pelo Imperador Frederico Barbaroxa. Em Pontigny asilou-se Thomas Becket, arcebispo de Canterbury, por ter sido obrigado a deixar a Inglaterra de Henrique Plantageneta, com seu secretário John de Salisbury, futuro bispo de Chartres, onde viria a ser construído o terceiro labirinto. Sabemos que São Thomas Becket foi assassinado em 1170; Alexandre III se reintegrou ao Vaticano em 1171 e viria a morrer em Civita Castellana em 1181. John de Salisboury foi nomeado ao episcopado de Chartres em 1176 e morreria em 1180.
É impossível ter-se a configuração exata desse dois labirintos. Desse modo, conta-se com pelo menos três variantes de possibilidades desses desenhos. Há a variante de Villard de Honnecourt, que o arquiteto do século XIII traçou sobre seu famoso caderno. Admite-se que seu desenho se pareça com uma imagem em espelho do labirinto de Chartres. Possuímos igualmente o desenho pesquisado por Emile Amé, que difere dos precedentes sobre alguns pontos importantes, e, finalmente, temos o traçado proposto pelo padre A. R. Verbrugge, que difere apenas em proporções do de Emile Amé. Mas lembremos que desses três estudiosos somente Villard de Honnecourt visitou o monumento. 

Fonte bibliográfica: 
Ketley-Laporte, John et Odette - Chartres, le labyrinthe déchiffré. Éditons Jean-Michel Garnier, 1997.

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