quinta-feira, 10 de março de 2011

Formas de Meditar - parte 3

Atenção - Concentração - Meditação ... e Distração
Nós confundimos frequentemente estas três primeiras palavras. Já a quarta palavra...bem, também nos engana muitas vezes.
A "atenção" diz respeito a uma capacidade do ser humano que é prioritária para suas "funções cognitivas". A palavra cognitiva tem sua raiz em cognocere, ou seja, conhecer. Então as funções cognitivas dizem respeito à capacidade de conhecer e de aprender do ser humano. São funções cognitivas a memória, a linguagem, a capacidade de cálculo, a orientação no tempo e no espaço, etc. Para dar início e andamento a essas funções, há necessidade de uma pessoa ter um certo grau de atenção que permita estar "focada" na sucessão de atos e procedimentos que dizem respeito a memória, linguagem, etc. Clinicamente, um determinado grau de deficiência de atenção pode ser indício de algum problema de ordem médica. Porém essa atenção pode ser também perturbada por cansaço, estresse, nervosismo, preocupações, que muitas vezes não implicam necessariamente na presença de alguma doença. Existe também o emprego da palavra atenção quando se diz: "Falei com ele e ele nem me deu atenção!" Essa atenção pode dizer respeito à capacidade cognitiva, mas na maioria das vezes, ao dizer essa frase, a pessoa dá a entender que foi ignorada por alguém de quem ela queria "alguma atenção". Nesse caso, a palavra atenção aproxima-se da palavra "respeito".
"Concentração" já diz respeito a uma atenção mais refinada, ou até, redundantemente, mais "concentrada", lembrando o uso da palavra "concentração" em química, quando nos referimos a quanto de soluto está presente em determinado solvente, ou seja, pode tratar-se de uma solução mais "concentrada" ou menos "concentrada". "Concentração" também é usada quando se refere aos dias ou momentos que antecedem uma partida de futebol. Diz-se que os jogadores estão em "concentração". Este uso da palavra é parecido com a concentração no sentido de "atenção intensa", "atenção densa", quando os atletas precisam estar "focados" no desempenho que precisam atingir.
No que diz respeito a "atenção" e "meditação", talvez possamos colocar a "concentração" em situação intermediária. A "concentração" passa a ser então uma espécie de exercício da atenção. O estudante que fica muito concentrado em seu estudo, tem momentos em que tudo, ou quase tudo que está a seu redor fica como que apagado. Por isso que se diz: "focado". É como ter um foco de luz "concentrado" apenas em um local determinado. E no estudo muitas vezes é assim mesmo, ao pé da letra, quando o estudante coloca aquele foco de luz apenas sobre o seu livro e todo o resto fica na penúmbra. Parecidos com esse exercício de concentração são os exercícios de concentração em tradições orientais, visando a meditação. O indivíduo deve concentrar-se em um ponto, no centro de uma circunferência, e desligar-se do entorno, ou seja da própria circunferência, ou mandala.
Já a meditação diria respeito a um passo mais além...Mas, aqui estamos procurando falar em meditação caminhando no labirinto e lembrando formas ocidentais de meditação. O desenho do labirinto e o deslocamento do corpo dentro da imagem do labirinto podem ser facilitadores de um estado interior que pode situar-se entre a atenção e a meditação, passando pela concentração. Cada pessoa que percorre esse trajeto pode estar entre essas diferentes situações, dependendo de suas próprias condições no momento em que faz a caminhada. A atividade do labirinto tem o acréscimo de liberar o imaginário de cada um, de modo que podem aflorar imagens, situações que depois a pessoa pode considerar como o achado de uma resposta, ou solução de um problema, por exemplo, entre outras possibilidades. Já a meditação no centro do labirinto pode aproximar-se mais de uma meditação oriental se a pessoa já tiver tido essa prática, já que essa etapa dá espaço a esse tipo de exercício. A tradição ocidental em meditação também a aproxima da oração, o que também pode ser uma forma de atividade meditativa a ser realizada no labirinto, se assim quiser o caminhante.
A "distração" fica para amanhã, antes que fiquemos distraídos, perdendo nossa atenção ao texto.

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