domingo, 17 de abril de 2011

As catedrais e os labirintos

Além do Labirinto da Catedral de Chartres, outras catedrais medievais também tinham essa imagem em seu solo. Esses desenhos surgiram multiplicadamente nesse período, acompanhando todo um movimento cultural e artístico na Europa.
Conforme Jean Gimpel no livro "Les Bâtisseurs de Cathédrales" (Os construtores das catedrais) (1980), no espaço de 3 séculos, entre 1050 e 1350, a França extraiu milhões de toneladas de pedras para edificar 80 catedrais, 500 grandes igrejas e algumas dezenas de milhares de igrejas paroquiais. A França carregou mais pedras nesses 3 séculos do que o antigo Egito (ao menos nos cálculos de 1980, ano desse livro; desde então houve outras descobertas arqueológicas no Egito, mas não sabemos se há algum novo cálculo similar a esse respeito).
Ainda conforme Gimpel as fundações das grandes catedrais adentraram 10 metros de profundidade, ou seja, no nível médio de uma estação de metrô de Paris; formam uma massa de pedra tão considerável quanto a que se encontra na superfície.
Relata esse autor também que na Idade Média havia uma igreja ou capela para cada 200 habitantes em média. A catedral de Amiens, com 7700 metros quadrados permitia que toda a população da cidade, ou seja dez mil habitantes, assistisse uma mesma cerimônia.
Um edifício que fosse construido até a altura da torre mais alta da catedral de Chartres deveria ter em torno de trinta andares. Em relação à catedral de Estrasburgo chegaria a 40 andares.
Ora, toda essa grandeza faz com que se questione a ideia que ainda muitos têm da Idade Média como um período dominado apenas por obscuridades, guerras e outras calamidades. A construção de tais obras, ao mesmo tempo cheias de grandiosidade e de muitos detalhes, em uma época em que não se tinha toda a tecnologia de hoje faz-nos pensar no tempo, reflexão, elaboração e esforço despendidos para toda essa realização.

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