sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Labirinto e o Tempo - Parte 2

A mudança da percepção de tempo na caminhada pelo labirinto está ligada à mudança de percepção do espaço. Inicialmente a pessoa adentra seu corpo em um espaço que de antemão já nota ser um espaço circular. Em um primeiro momento, a impressão de "todo" e de "uno" do espaço circular pode sugerir a ideia de "disposição facilmente resolvida" do corpo na simplicidade do contorno definido. No entanto, a necessidade de prosseguir no caminho estreito e sinuoso dirige o olhar para baixo e desloca o corpo em deslocamentos acompanhados de sucessiva perplexidade com as inovações das curvas e dobras que se apresentam sucessivamente. O espaço torna-se complexo, inusitado, condutor de nossos passos a sentido e direção diferentes do que nossa "noção de equilíbrio" desejaria fazer. Assim, no desdobramento do espaço, desdobra-se também o tempo. O labirinto torna-se então uma espécie de mapa de uma dimensão diferente de mente e corpo. Juntando espaço e tempo, une também mente e corpo em um processo relocador de nossa atenção outrora focada no estresse do cotidiano e desfocada do presente, sempre colocando-se em um hipotético "futuro com soluções". A nova percepção de tempo do labirinto na verdade acompanha-se de um foco de atenção dirigido "ao presente" dos movimentos. Paradoxalmente, esse foco no presente conjuga-se com um revivenciar da peregrinação simbólica no labirinto medieval. Nesse espaço, presente e passado harmonizados conjugam energias para o futuro reunidas na fase de "restauração", no caminho de volta do labirinto.

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