quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Labirinto e o Cérebro

Há quem compare os intrincados caminhos do Labirinto com os assim chamados "giros cerebrais", que correspondem às tortuosas saliências da superfície do cérebro. Há até mesmo desenhos de labirinto mimetizando a superfície cerebral delineada dentro do contorno de um crânio. Essa interessante correlação simbólica pode ter também sua correspondência com a própria potencialidade e atividade cerebral. As atividades do sistema nervoso de cada pessoa são habitualmente direcionadas para o desempenho cotidiano, que pode implicar em atividade intelectual, emocional, corporal e criativa, além também do sono. Essas atividades correlacionam-se em intensidade de acordo com aquilo que ocupa mais o tempo, a atenção e as energias do indivíduo. Sendo assim, pode-se dizer que o cérebro, em grande parte, molda-se ao que corresponde à atividade profissional da pessoa. Uma intensidade menor de trabalho cerebral é dirigida aos outros aspectos da vida.
A caminhada no Labirinto implica em uma atividade que quebra a rotina habitual à qual a pessoa está acostumada, seja ela de natureza intelectual, braçal, ou artística. Interromper o seu dia a dia, para adentrar o seu corpo a um espaço com a delimitação labiríntica, desperta "partes" cerebrais adormecidas ou menos utilizadas. Aqueles setores do sistema nervoso que são menos racionais, ou ainda que correspondem ao corpo, ou a partes do corpo que são menos ativados, a partir da entrada no labirinto podem ser mais requisitados, na medida em que necessita-se de uma nova atenção a um determinado desenho dentro do qual existe a necessidade de se conter e conduzir o corpo, ao mesmo tempo em que se vislumbra um caminho próximo futuro indeterminado, embora contido no círculo. Essa estimulação corporal associada à música apropriada e ao momento específico da vida do caminhante, podem despertar memórias corporais e psíquicas que podem trazer a sensação de um "reencontro", ou mesmo como diz a Dra. Lauren Artress, "uma sensação de volta para casa". Por meio da propriedade da neuroplasticidade cerebral, essas novas ativações podem permitir que a pessoa encontre novas soluções para problemas do momento, ou ainda que tome decisões que estejam em suspenso, ou até mesmo encontre novas "energias mentais" para prosseguir na jornada da vida.

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