terça-feira, 3 de maio de 2011

O Labirinto Hoje

No livro "Chartres - le labyrinthe déchiffré" (Chartres - o labirinto decifrado), de 1997, os autores John e Odete Ketley-Laporte comentam que tem sido lugar comum postular que nos dias de hoje, em que tudo se torna cada vez mais veloz, o homem está a procura de si mesmo. Na falta de valores seguros sob o ponto de vista moral e espiritual, o ser humano tateia em torno de encontrar-se. 
Continuam os autores dizendo que o labirinto é um dos símbolos que, vindo de idades remotas, tem sido constantemente utilizado para perpetuar uma tradição zelosamente conservada. Ele ressurge nos grandes momentos da história, quando o ser humano, tomando consciência do mundo que o cerca, interroga-se sobre o seu destino. Diziam então os autores, em 1997, que naquele momento em que se configurava uma nova estrutura mundial, esse questionamento e essa busca eram vitais. E, desse modo, povos fora da Europa interessavam-se cada vez mais pela construção de labirintos. Eles, então, interessaram-se por conhecer melhor o Labirinto da Catedral de Chartres, por suas características especiais e por estar ligado a obra tão singular na cultura ocidental.
Se em 1997 esses autores comentaram a respeito das mudanças do mundo e o florescer de labirintos na busca do ser humano por si mesmo, hoje, em 2011, pelas condições atuais, tal necessidade se acentua, e o labirinto como instrumento simbólico tem sido usado nesse sentido. A primeira década do século XXI foi bastante conturbada com distúrbios políticos diversos, crises econômicas, catástrofes naturais, que continuam em pauta nesta segunda década do século. 
O Labirinto surge como uma figura de pausa nesse tumulto. Como quase um choque de cultura em um ambiente intoxicado de informações. A meditação caminhando abre perspectivas para outros trajetos a serem percorridos que não os mais ligados a aspectos destrutivos. Assim, o labirinto é um exercício de construir. Se construir-se um labirinto propriamente dito, literalmente, então muito bem! É certamente um exercício manual, mental, cerebral, emocional de construir ao invés de destruir. Mas essa construção também pode ser simbólica: o construir-se interiormente. Elaborar interiormente seu próprio labirinto, que, em vez de caminho intrincado para se perder, pode tornar-se caminho elaborado para dirigir-se ao centro de si mesmo em uma trajetória simbolicamente cósmica.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário