domingo, 15 de maio de 2011

Parte 2 - Labirinto e stress

Antes de iniciar-se a caminhada no Labirinto pode ser bom que disponhamos nosso estado de espírito para essa atividade. Nem sempre é fácil nos desligarmos da correria e da agitação do cotidiano, para nos concentrarmos em alguma coisa que foge à maioria das coisas que fazemos habitualmente. É fato que existem diversas outras práticas que buscam reduzir o stress e que também têm a característica de serem uma exceção às ações do dia a dia; mas, a Meditação Caminhando no Labirinto tem alguns elementos próprios que colaboram nesse sentido. Em se tratando de uma caminhada, os pés têm um papel importante como parte do corpo que, de certo modo, "centraliza" o deslocamento pelo trajeto a ser seguido. Assim, a retirada dos sapatos (quando possível, pois há labirintos em chão de pedra que são frias) pode ser um ato concreto que faz com que se deixe a "correria" do lado de fora do campo a ser percorrido. Esse é um primeiro ato de desligamento do stress. Os pés, aliviados da carga das obrigações simbolizadas nos calçados, vai adentrar à mandala labiríntica em um nível de interiorização mais apropriado. 
Ainda antes de iniciar a caminhada, a visão ampla, holística, da imagem a ser percorrida, é um outro momento de distanciamento do stress. Ativando partes do cérebro e da mente que dizem respeito mais à noção de conjunto do que ao detalhamento lógico, essa visão global desloca o foco de atenção da pessoa para um novo campo que se abre a ela.
A entrada nessa mandala dispõe o corpo e a visão a diversos traços e espaços que se colocam de ambos os lados e à frente do caminhante, chamando seu ser à trilha sob seus pés e desenhando sucessivas imagens mutantes, que dispõem suas próprias preocupações em diferentes níveis de correlação com o tempo e o espaço da vida. O trajeto que vai do início da caminhada até o centro do Labirinto pode ser chamado de "Preparação", entre outros nomes semelhantes. Nesta fase, o indivíduo deve tentar encontrar seu próprio  ritmo de caminhada, respirando suavemente, soltando seus músculos. Em determinados momentos pode-se sentir a necessidade de parar por um instante, seja por causa de alguma reflexão que a pessoa esteja fazendo, ou mesmo por conta da própria disposição do corpo na caminhada, de modo que pareça "pedir" para fazer uma pausa momentânea. 
Pessoas muito estressadas, frequentemente percorrem essa fase com muita rapidez, seja por não conseguirem diminuir sua velocidade interior, seja para "chegar logo" ao centro, muitas vezes pelo condicionamento em ter que atingir "a meta" o mais rápido possível. Nesse sentido, é importante saber-se que o objetivo da Meditação Caminhando no Labirinto não diz respeito a apenas atingir-se o centro; essa "meta" não diz respeito a apenas ir-se em direção ao centro geométrico do desenho. Isso é importante, mas não é só isso que importa. Todas as fases importam: a ida, o centro, a volta. Costumamos viver nossas vidas mais no futuro ou no passado, do que no presente. Hoje em dia, mais ainda no futuro, olhando sempre para as metas. Esquecemos de viver o agora, de viver a vida que existe nos caminhos até atingir-se a meta. Essa é uma das causas do stress, é a constante "pré-ocupação" com objetivos futuros. Assim, nos ocupamos de coisas que ainda não estão aqui, que ainda não existem, de modo que nos alienamos de nossas próprias vidas, embora pensemos ser muito realistas e pragmáticos. 
Para algumas pessoas, várias caminhadas são necessárias até que sua velocidade interior possa ser equilibrada com o pulsar da natureza, com o ritmo de seu próprio ser. Assim, o círculo vicioso do stress pode tornar-se um círculo virtuoso de energia para si e para as outras pessoas de seu convívio. 

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