segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Labirinto e a Arte Gótica

A Arte Gótica surgiu no século XII, na Europa, em meio à presença ainda da Arte Românica, mais antiga. Embora não haja uma delimitação exata no tempo entre uma e outra forma de arte (aliás, muitas transições em períodos artísticos são assim), a Arte Gótica tem certas características que impressionam por darem a impressão de que revelam uma consciência sobre o ser humano e sobre o mundo que apresentam singularidades que se diferenciam do período anterior e também da fase conhecida como Renascimento. Não se trata aqui de chamarmos o período Gótico de "pré-renascimento" e nem de "pequeno renascimento", como alguns supõem. Diz respeito antes a um reconhecimento de que o Gótico tem certos elementos tão próprios, que passaram até mesmo a serem incompreendidos pelos renascentistas e mesmo depois pelos iluministas.
Entre essas propriedades do Gótico, encontra-se um equilíbrio entre a luz e a sombra resultante de uma nova disposição de forças que sustentam as catedrais, de modo que abriu-se espaço aos vitrais que traduzem a luz solar em novas luzes, atenuadas entre o clarão do dia e o escuro interno da igreja.
Nos estudos de Carl Gustav Jung encontramos a conceituação do "arquétipo da sombra", correspondente a âmbito sombrio de cada ser humano, onde se situam as fraquezas, frustrações, dificuldades, erros, defeitos, imperfeições. A "Cultura Gótica" (se é que podemos chamar assim) encontrou uma forma de equilibrar luz e sombra e harmonizar o ser humano entre suas potencialidades e qualidades e sua própria sombra.
Nesse contexto insere-se o Labirinto das Catedrais, e mais destacadamente o da Catedral de Chartres como um elemento que permite vivenciar-se esse processo de equilíbrio entre luz e sombra por meio de seus símbolos e sua caminhada.    

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